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Foto do escritorSérgio Veloso

Receptividade a "bullshit" e efeito placebo

Não querendo entrar em polémicas, vamos falar um pouco sobre o recurso a métodos e terapias alternativas não comprovadas, e a percepção do seu efeito. E para isso cito um estudo muito recente na PLoS ONE que avalia a associação entre traços de personalidade e o uso e eficácia percepcionada de óleos essenciais. Sem me alongar pois o estudo é de acesso livre, a principal descoberta do trabalho é uma associação com o que se define como “receptividade a bullshit”. Indivíduos mais permeáveis à treta usam mais e tendem a encontrar benefícios onde a evidência falha. E o que é esta “receptividade a bullshit”? Traço descrito por Pennycook, psicólogo Canadiano, que caracteriza a tendência em encontrar um significado profundo em frases aleatórias sem sentido objectivo. Vamos a dois exemplos: 1) “Atenção e intenção são os mecanismos da manifestação”, e 2) “Esta vida não é mais do que uma evolução desperta da ciência mística”. Enquanto a primeira é um tweet do Deepak Chopra, a segunda foi gerada por mim num algoritmo automatizado disponível online. Mas são mais as semelhanças que as unem do que as diferenças que as separam. Ambas as frases partilham a mesma estrutura sintáctica, vagas o suficiente para impressionar e sugerir profundidade ao invés de expor objectivamente um significado. Como disse Buekens na sua definição de obscurantismo, “um jogo de fumo verbal que sugere profundidade e clarividência onde não existe nenhuma”.

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