Ouve-se muitas vezes que o açúcar tem um poder aditivo 8 vezes superior à cocaína. Terrorismo nutricional difícil de classificar e sem suporte factual em estudos publicados. O único trabalho que encontrei a tentar quantificar essa relação é um estudo com ratinhos em que podiam optar 8 vezes ao dia por uma de duas alavancas (Lenoir M, et al. PLoS One. 2007). Ao pressionar uma delas ganhavam acesso a uma solução doce, e com a outra recebiam uma dose IV de cocaína. E sim... Os ratinhos tinham preferência pela solução doce e pressionavam essa alavanca mais vezes. No entanto, a alavanca da cocaína era pressionada mesmo assim 3/8 vezes por dia. Se calhar essa dose era suficiente, e no resto do tempo estivessem apenas com fome ou sede. Daqui não se pode fazer a comparação absurda entre o açúcar e cocaína no seu poder aditivo, nem os mecanismos de acção são idênticos na activação dos centros de recompensa. Sabor e energia no caso do açúcar, com aumento da libertação de dopamina, e inibição da recaptação de dopamina com a cocaína. Nem a intensidade da activação mesolímbica (centros de prazer) após estímulo prevê o poder aditivo de uma substância como a imagem seguinte muito partilhada quer dar a entender.
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