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Foto do escritorSérgio Veloso

Os mitos do microondas

Receios alarmistas e muitos mitos fazem algumas pessoas fugirem do microondas como o diabo da cruz. E um dos motivos advém da forma “não natural” de aquecer a comida através de radiação. A palavra “radiação” pode assustar, mas a verdade é que estamos constantemente a ser irradiados com frequências superiores no espectro electromagnético - a luz solar. A radiação microondas é não-ionizante e de baixa energia. O aquecimento dos alimentos é conseguido pelo aumento da energia das moléculas de água, presentes em todos os alimentos, cuja vibração dissipa calor e cozinha-os de “dentro para fora”.


A investigação é escassa e estudos já antigos sugeriram, por exemplo, uma isomerização da L-Prolina em D-Prolina, esta última tóxica para o organismo. Trata-se de um estudo com quase 40 anos e que não viu até hoje replicação. Alguns relatos anedóticos falam também de modificações ao DNA dos alimentos mas que não estão comprovadas, e que à partida não serão mais prejudiciais do que as provocadas pela exposição a altas temperaturas pelas formas convencionais de cozinhar. Nenhum prejuízo... Além disso nem sequer será de esperar um efeito deletério dessas mesmas modificações nos alimentos ingeridos. O mesmo para o alegado risco de cancro. Não há associação conhecida. E um outro mito comum é que se perdem nutrientes. O que não é suportado pelo ciência, com alguns estudos até a sugerir maior conservação de antioxidantes e algumas vitaminas quando comparamos o microondas com outros métodos de confecção.


Algo que já merece maiores cautelas é o risco de migração de xenobióticos presentes nos plásticos, nomeadamente bisfenol-A e ftalatos. Algo que pode ser amenizado com o uso de recipientes apropriados, idealmente de vidro ou material inerte.


O mito do perigo do microondas deve-se muito às experiências de uma adolescente do ensino secundário nos EUA em que água aquecida no microondas, e arrefecida, não permite que uma planta cresça. Publicado na conceituada revista científica Youtube. É basicamente este o nível de evidência contra o microondas, quando a segurança tem sido atestada sem grande controvérsia entre a comunidade científica. Então porque não usas Sérgio? Porque gosto de comida fria. Sempre fui assim. Optar por não utilizar o microondas é uma crença sem suporte científico.



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