top of page
Foto do escritorSérgio Veloso

A importância das rotinas na composição corporal e saúde cardiometabólica

O nosso organismo gosta de rotinas. De previsibilidade para a antecipação de respostas. E manter um padrão alimentar regular, na frequência e horários das refeições, é um dos aspectos que facilita esse condicionamento metabólico à coerência na entrada de energia. Um estudo de Farchshi et al. 2005 avalia diferenças na resposta a um padrão regular, com 6 refeições diárias à mesma hora, e irregular/incoerente, com variação entre 3 a 9 refeições, durante 14 dias. O padrão regular levou a uma menor ingestão calórica média espontânea, embora ligeira para um impacto significativo (-80 kcal/dia). Além disso levou também a um aumento superior do dispêndio energético após refeição, e menor exposição à insulina no período pós-prandial.


Estes dados, em conjunto com a associação conhecida entre um padrão alimentar regular e melhor saúde cardiometabólica (Sierra-Johnson et al., 2008) e importância da regularidade na relação entre a toma do pequeno-almoço e melhor composição corporal (Guinter et al. 2020), sugerem que de facto somos animais de rotinas. E que isso condiciona positivamente o nosso metabolismo como sinal ambiental de segurança e abundância alimentar. Por outras palavras, que não estamos num contexto de carência e que o alimento não nos irá faltar. Não é necessário “poupar” e reservar. A previsibilidade condiciona também a resposta dopaminérgica associada aos mecanismos feed-forward de ingestão alimentar. Atenua a resposta hedónica para um menor drive a comportamentos que nos levam a um objectivo gratificante. Como a comida por exemplo. Comer macarrão com queijo todos os dias ad libitum reduz progressivamente a quantidade ingerida, ao contrário da mesma refeição apenas uma vez por semana (Epstein et al. 2011). É só mais do mesmo, e que estará sempre por ali para nos satisfazer. Não é preciso ser lambão. A este mecanismo fisiológico conservado entre espécies chamamos de habituação.


Óbvio que não estamos a falar de uma cronometragem ao minuto, mas sim de um padrão em “janelas alimentares” de 30-60 min (valor arbitrário) em que devemos manter consistência. As rotinas podem mexer com o cérebro de muita gente que anseia novidade, mas a verdade é que do ponto de vista fisiológico funcionamos bem melhor com elas.

0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page