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O mito das calorias negativas

Atualizado: 27 de jun. de 2022


Um fisiologista falece cada vez que falam em alimentos com calorias negativas. Que gastariam mais energia a serem digeridos e metabolizados do que a energia que contêm. Ao ingeri-los estaríamos a criar um deficit calórico portanto. Os alimentos que se consideram neste grupo são por norma muito ricos em fibra e baixa densidade energética, como o aipo, pepino, brócolos, etc. Mas será que para os processar usamos mais energia do que são capazes de fornecer? NÃO!


Gastamos energia a processar os alimentos e nutrientes que ingerimos. Chamamos de efeito térmico dos alimentos (TEF), ou termogénese induzida, a esta alocação de recursos para metabolizar o que comemos, que tem duas componentes. A componente obrigatória, associada os processos digestivos e bioquímicos, e a componente facultativa, que define a resposta metabólica ao aporte calórico controlada pelo sistema nervoso simpático e que no limite é zero. Mas o TEF depende essencialmente dos nutrientes assimilados e não do teor nutricional do alimento, ficando por norma entre os 5 e os 15% da energia contida, que pode ser superior em certos casos. Mas nunca superior a 100%! Além do processamento dos nutrientes assimilados, o peristaltismo usa pouca energia, mastigar idem, e as próprias enzimas digestivas são em grande parte reabsorvidas. E para provar, podemos medir.


Clegg e Cooper avaliaram a energia alocada para metabolizar 100 g de aipo, desmistificando o conceito de calorias negativas. Buddemeyer e colaboradores usaram um modelo animal com o mesmo objectivo, obtendo resultados semelhantes. Um ganho calórico líquido entre15-30% apenas, mas nenhum deficit energético é criado ao comer apenas aipo numa refeição. Não existem alimentos com calorias negativas. Apenas alimentos com baixa densidade energética e "aproveitamento". Que efectivamente ajudam na perda de peso por facilitarem a saciedade, mas apenas isso.

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